14 Março 2025

Bolsas caem e rendimentos dos títulos recuam com novas tarifas de Trump

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As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta terça-feira, acompanhadas pela queda nos rendimentos dos títulos, à medida que investidores buscaram refúgio diante da entrada em vigor de novas tarifas dos Estados Unidos sobre o Canadá, México e China. A medida aumenta o temor de uma escalada nas tensões comerciais globais.

O dólar australiano, sensível ao risco, recuou, enquanto o petróleo permaneceu próximo ao menor nível em 12 semanas. O bitcoin, que iniciou a semana com uma disparada próxima de US$ 95.000, perdeu força e ficou estagnado na casa dos US$ 86.000. O euro e a libra esterlina, por outro lado, se mantiveram firmes, impulsionados por notícias de que líderes europeus estão elaborando um plano de paz para a Ucrânia a ser apresentado a Washington.

O índice Nikkei, do Japão, caiu 1,6%, enquanto o referencial de Taiwan perdeu 0,5%. Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 0,4%, e os blue chips da China continental registraram leve queda de 0,2%. As perdas acompanharam o pior desempenho do ano em Wall Street na sessão anterior, quando o S&P 500 despencou 1,8% e o Nasdaq, focado em tecnologia, tombou 2,6%. No entanto, os futuros de ações dos EUA apontaram para uma leve recuperação de 0,2%, sugerindo que a liquidação pode perder força ao longo do dia. Já na Europa, os contratos futuros do STOXX 50 indicavam uma abertura em baixa de 0,8%.

Tarifas elevam aversão ao risco

O mercado se tornou significativamente mais avesso ao risco após a confirmação, pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de que as novas tarifas de 25% sobre o Canadá e o México entrariam em vigor às 05h01 GMT desta terça-feira. Além disso, a tarifa sobre produtos chineses foi elevada de 10% para 20%.

Os investidores se preocupam com o impacto dessas medidas sobre a economia americana, especialmente em um momento de dados fracos nas últimas semanas. O receio aumentou ainda mais após dados recentes mostrarem que os preços na porta da fábrica atingiram o maior nível em quase três anos e que as entregas de materiais estão demorando mais, sugerindo que as tarifas podem prejudicar a produção industrial.

Mesmo com essas preocupações, os mercados asiáticos reduziram parte das perdas iniciais, aliviados pela reação controlada dos países-alvo das tarifas. Pequim respondeu imediatamente com tarifas retaliatórias, assim como Ottawa.

“O aumento das tarifas sobre a China pode prejudicar os próprios Estados Unidos, que dependem de produtos chineses baratos para conter a inflação”, afirmou Wang Zhuo, sócio da Shanghai Zhuozhu Investment Management. Por outro lado, “tarifas mais altas sobre produtos agrícolas americanos também impactarão negativamente a China, mas contra-medidas são politicamente necessárias. O ideal seria uma resposta simbólica sem agravar ainda mais as tensões”, completou Wang.

As moedas canadense e mexicana perderam valor, enquanto o dólar australiano atingiu o menor nível em um mês. O yuan chinês, por sua vez, se recuperou após tocar o menor patamar desde 13 de fevereiro no mercado offshore, com o Banco Popular da China mantendo a taxa de câmbio sob controle.

O euro permaneceu estável em US$ 1,0484, após uma valorização de 1,1% na segunda-feira. A libra esterlina também se manteve firme, cotada a US$ 1,2697, após um avanço de 1%.

Queda nos rendimentos dos títulos e mercado de criptomoedas

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA continuaram em queda durante as negociações asiáticas desta terça-feira. O rendimento dos papéis de 10 anos recuou para 4,115%, o menor nível desde outubro.

No mercado de criptomoedas, o bitcoin era negociado a US$ 84.220, com investidores reduzindo o otimismo sobre a possibilidade de uma reserva estratégica de criptomoedas nos EUA. Na segunda-feira, Trump alimentou especulações ao mencionar nas redes sociais cinco tokens, incluindo o bitcoin, que poderiam fazer parte do plano.

O ouro caiu 0,2%, sendo negociado a US$ 2.889 por onça, acompanhando a volatilidade dos mercados globais.